O vento é sinônimo de instabilidade, de inconstância, de vaidade, porém, antes de tudo, símbolo. Segundo a bíblia, simboliza o sopro divino e, como os anjos, é tradicionalmente associado à transmissão de mensagens. Para os hindus, do vento nasce o espírito que gera a luz; para os islâmicos, o vento é encarregado de conter a água.
Na concepção adotada, o vento é o elemento construtor, representado pela sinuosidade dos caminhos, enquanto que a estrela, localizada no centro da praça determina uma implantação radial ao espaço.
A praça, em forma retangular, é constituída, no seu interior, por uma série de círculos concêntricos, alterando área plantada e anéis de circulação. Os sucessivos círculos são cortados por oito eixos orientados para o centro, quatro deles representando os ventos.
O vento e seus caminhos nos levam à luz, a Nossa Senhora da Luz, representada pela Estrela no centro da praça. A fonte de água em forma de estrela emerge do solo liso, da qual saem jatos de água iluminados, permitindo que o bailado das águas se concretize em luz.
A constituição vegetal visa acentuar e assegurar a sensação de se sentir envolvido, protegido, além de compor a paisagem, criando uma compensação, um ponto de equilíbrio frente à imensidão do mar.
Cercada pelas palmeiras, encontramos a área infantil com suas atividades lúdicas em torno do movimento do vento e das cores, para a qual brinquedos foram especialmente desenhados.
Para o mobiliário urbano, a concepção adotada tinha como objetivo o design de um equipamento que respondesse aos rigorosos requisitos de um mobiliário para uso público, de forma a suportar a forte exposição à maresia, demandando pouca manutenção, além de respeitar os conceitos de ergonomia e conforto.
A fonte de água tem a forma de uma Estrela, simbolizando a própria Praça, pois representa a “luz” da Praça Nossa Senhora da Luz. Ela é seu centro, sua essência, o caminho que converge e orienta todas as implantações da praça. Para alcançá-la faz-se necessário evoluir, crescer. Assim, simbolicamente, o pequeno talude representa nossa busca de evolução.
Pode-se dizer que a Praça Nossa Senhora da Luz seja finalmente um mandala, que é uma síntese da manifestação especial, uma imagem do universo, ao mesmo tempo em que a representação e atualização dos poderes divinos. Segundo C. G. Jung, a contemplação de um mandala é reputada por poder inspirar a serenidade, o sentimento de que a vida reencontrou seu sentido, sua ordem.